A transição energética está em marcha e é essencial para o nosso futuro. Mas vai motivar mudanças profundas, nomeadamente no mercado de trabalho, onde há profissões com grande potencial de crescimento.
As alterações climáticas obrigam o mundo a pensar seriamente no meio ambiente e na forma como o podemos proteger. Uma das principais metas que é preciso alcançar é a redução das emissões de gases com efeito de estufa.
E é aqui que entra a transição energética, pois precisamos, com urgência, de encontrar novas fontes de energia mais limpas.
Mas o que é a transição energética?
Quando falamos em transição energética estamos a referir-nos ao processo de mudança gradual na produção, distribuição e consumo de energia.
O principal objetivo, neste âmbito, é passar de um sistema energético baseado em combustíveis fósseis (por exemplo, carvão, petróleo e gás natural) para um modelo mais sustentável e amigo do ambiente.
Trata-se de apostar em força nas fontes de energia renováveis como a eólica, a solar, a geotérmica e a biomassa. Estão também a ser desenvolvidas outras tecnologias limpas que, nos próximos anos, podem vir a fazer parte do nosso dia a dia.
Por que precisamos de fazer a transição energética
Há várias razões que nos obrigam a esta transição energética, a começar pelas já mencionadas alterações climáticas.
As energias renováveis não geram emissões de CO2 e, por isso, são uma boa alternativa aos combustíveis fósseis contra o aquecimento global do planeta.
Além disso, é preciso considerar as questões geopolíticas, uma vez que alguns dos maiores produtores de petróleo enfrentam situações de instabilidade política. Isso pode motivar crises de abastecimento devido a conflitos armados, por exemplo, e levar a preços muito altos e altamente voláteis.
Portanto, é preciso diversificar as fontes de energia, até para evitar a dependência de certos países.
Outro fator importante a considerar para a transição energética é a saúde pública, pois é necessário reduzir a poluição do ar causada pela queima de combustíveis fósseis. Esta poluição está associada a doenças respiratórias e cardiovasculares.
A transição energética pode ajudar a melhorar a qualidade do ar e, portanto, a saúde da população.
Profissões que estão em alta com a transição energética
É fácil perceber, com tudo o que foi sublinhado, que a transição energética está a gerar novas oportunidades de trabalho e novos mercados. Isso é uma ótima notícia para a economia e para quem está interessado em trabalhar nesta área.
Já estão a surgir novos empregos no setor das energias renováveis, mas mais vão surgir nos próximos tempos com as mudanças nas infraestruturas, com o aparecimento de mais parques eólicos e solares, de redes inteligentes e de novos sistemas de armazenamento de energia.
O desenvolvimento de novas tecnologias vai abrir a porta a outros profissionais nas áreas de atividade mais afetadas pela transição energética.
Confirma, de seguida, 10 exemplos de profissões que já estão em alta neste domínio, e que vão ter grande potencial de crescimento nos próximos anos.
1. Especialista em Energias Renováveis
As energias renováveis são fundamentais na transição energética e, por isso mesmo, são precisos profissionais especializados em energia solar, eólica, geotérmica e outras.
Nos próximos tempos, haverá muito mercado para Especialistas em Energias Renováveis capazes de projetarem, de instalarem e de zelarem pela manutenção de sistemas e instalações.
2. Instalador de Energia Solar e Eólica
Além dos especialistas, são sempre necessários os técnicos de Energias Renováveis que tratem da instalação dos sistemas de Energia Solar e Eólica.
Estas áreas das Energias Renováveis são especialmente dinâmicas em Portugal, e há muita necessidade de Instaladores, mas também de outros profissionais qualificados que ajudem a operar e a manter estes sistemas.
3. Técnico em Biocombustíveis
A procura de novas fontes de energia permite também o crescimento de novas profissões, nomeadamente de especialistas e Técnicos em Biocombustíveis.
Este é um tipo de combustível de origem biológica ou orgânica que permite reduzir a dependência de combustíveis fósseis como a gasolina, por exemplo.
Assim, são necessários profissionais que ajudem a pesquisar e a desenvolver alternativas renováveis em termos de biocombustíveis como são os casos do bioetanol, do biodiesel e do hidrogénio.
4. Profissional LEED
A eficiência energética é uma das preocupações fundamentais do momento perante a crescente necessidade de reduzir o consumo de energia. Neste campo, o Profissional LEED surge como essencial no âmbito da construção sustentável.
Este técnico trata da certificação de edifícios para atestar a sua sustentabilidade em termos do uso de energia e de água. Deste modo, realça que causam menor impacto no meio ambiente e também ajuda a valorizar o imóvel.
5. Analista ESG / Sustentabilidade
Esta questão da sustentabilidade é cada vez mais valorizada também no setor empresarial, com a profissão de Analista ESG, ou Analista de Sustentabilidade, em amplo crescimento.
ESG refere-se a “Environment, Social e Governance”, ou seja, Ambiente, Social e Governança. E, portanto, este profissional ajuda uma empresa/organização a aplicar práticas sustentáveis nestes domínios. Trata-se de um aspeto que cada vez mais é essencial para a rentabilidade e o valor de mercado das empresas.
6. Engenheiro de Transportes e da Mobilidade
O setor dos transportes será um dos mais afetados pela transição energética que vai obrigar a construir e a renovar infraestruturas como a ferrovia.
Mas também o desenvolvimento de veículos elétricos exige novos profissionais, o que abre a porta a muitas oportunidades.
Um dos empregos em alta é o de Engenheiro de Transportes e da Mobilidade que tem funções ao nível das redes rodoferroviárias, dos aeroportos, dos portos, das rodovias e pontes, e das hidrovias.
7. Engenheiro Hidráulico
A gestão e o aproveitamento dos recursos hídricos é uma área fundamental da transição energética, sobretudo em tempos de escassez de água. E, nesse sentido, o Engenheiro Hidráulico, ou Engenheiro Hídrico, é fundamental.
O trabalho deste profissional passa, por exemplo, por ajudar a projetar barragens e centrais hidroelétricas, mas também pelo planeamento do uso de águas de bacias hidrográficas.
8. Engenheiro Bioquímico
A Engenharia Bioquímica é uma área que se dedica à pesquisa e e à manipulação de biomoléculas com diversos objetivos, entre os quais a produção de biocombustíveis e de bioenergia.
É mais uma profissional que assume um papel importante na transição energética, ajudando a proteger o meio ambiente de substâncias poluentes e a descobrir novas fontes de energia mais sustentáveis.
9. Biotecnologista / Biotecnologia
Os Biotecnólogos lidam com organismos vivos, como células ou genes, para produzir biocombustíveis, ou outros produtos finais como medicamentos ou vacinas. Neste sentido, a Biotecnologia é cada vez mais fundamental nas nossas vidas.
E, nos próximos anos, deverá assumir um papel ainda mais preponderante, sobretudo no âmbito da chamada “Biotecnologia Branca” que se dedica à área dos biocombustíveis para desenvolver alternativas energéticas mais amigas do ambiente.
10. Técnico de Aquaponia
A Aquaponia é uma técnica mais sustentável que cultiva plantas e produz peixes em simultâneo. É uma forma de poupar água que recorre aos ciclos naturais, usando os desperdícios dos peixes para alimentar as plantas.
Portanto, o Técnico de Aquaponia contribui para uma agricultura mais sustentável. Esta técnica de cultivo também é amiga do ambiente e da nossa saúde, uma vez que não usa pesticidas nem produtos químicos.
Transição energética em Portugal
Portugal é um país com grande potencial na área das energias renováveis, especialmente no que se refere às fontes solar e eólica. O país é abençoado pelo sol durante uma boa parte do ano e nos pontos mais altos da montanha, o vento é sempre presença graciosa.
O Governo português define como meta no Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em mais de 85% na comparação com 2005. Até 2030, a expetativa é ainda conseguir 80% de energia renovável na geração de eletricidade.
São metas ambiciosas, mas que vão implicar efeitos positivos para a economia portuguesa e para a empregabilidade. E, portanto, abrem portas a muitas oportunidades.
Mas para concretizar esta transição energética tão importante como desafiante, é essencial um bom planeamento, muitos investimentos e profissionais qualificados. Assim, as portas estão abertas para construirmos um futuro mais limpo, seguro e eficiente.