A pandemia deu a conhecer ao mundo o universo dos nómadas digitais. Mas, afinal, o que é e como ser um nómada digital? Vem saber tudo nesse artigo com dicas para quem quer viajar e conhecer novos lugares enquanto trabalha de forma remota….
Nos últimos tempos, é frequente ver nas redes sociais, imagens de pessoas sentadas em praias paradisíacas com um computador no colo. É que, para alguns sortudos, a praia pode ser mesmo um escritório!
Esse é o mundo de quem é nómada digital. Mas se te estás a perguntar como é que, afinal, se pode viver e trabalhar assim, continua a ler que vamos explicar-te tudo…
O que é um nómada digital
Para começar, vamos esclarecer o que é que é isto de ser nómada digital. Pois bem, a expressão é usada para descrever as pessoas que viajam constantemente, ao longo do ano, enquanto mantêm um trabalho. Assim, podem trabalhar de forma remota, exercendo a sua atividade graças à Internet.
Portanto, é, acima de tudo, um estilo de vida que assenta na liberdade de movimentação pelo mundo, sem a necessidade de um local fixo para trabalhar. A única exigência é que haja Internet ou rede móvel que permita manter a atividade.
Trata-se, assim, de um trabalhador que tira partido da tecnologia para alimentar o gosto pelas viagens.
Mas se estás aí a pensar que é uma “vidinha boa”, com sol e praia e muita diversão, tens de entender que nem tudo é isso.
Vem daí descobrir os prós e os contras que os nómadas digitais enfrentam no seu dia-a-dia…
Vantagens de ser nómada digital
A vida dos nómadas digitais tem muitos benefícios, mas não é para toda e qualquer pessoa. Repara que é preciso ter algumas qualidades particulares para aguentar os desafios deste estilo de vida. Assim, será fundamental, por exemplo, ter uma ótima capacidade de adaptação.
Mas para quem gosta de viajar e tem apetência pelo trabalho remoto, pode mesmo ser uma boa inspiração para mudar de vida.
Espreita algumas das vantagens de ser nómada digital na seguinte lista:
- Ambiente de trabalho menos stressante
- Não há um dress code rígido a cumprir
- Flexibilidade de horários
- Podes tirar folga quando quiseres
- Melhora a qualidade de vida
- Podes viver de forma mais barata (em certos países)
- Aproveitas para viajar e conhecer o mundo e novas culturas.
Desvantagens de ser nómada digital
Contudo, se te parece tudo muito bonito e poético, repara que também tem os seus contras. Não é tudo um mar de rosas! Há algumas circunstâncias que deves ponderar antes de tentares abraçar este caminho.
Assim, as principais desvantagens de ser nómada digital são as seguintes:
- Exige muito planeamento
- Tens de ter um bom pé-de-meia (para não ficares pendurado em situações imprevistas)
- Pode ser difícil cumprir prazos e trabalhos
- Solidão pode ser um problema
- A mudança contínua pode ser cansativa
- Viajar pode tornar-se aborrecido (mas só após muitas viagens!)
- É difícil encontrar estabilidade.
Depois disto, estás pronto/a para abraçar uma vida de nómada digital? Continua a ler para descobrir como te podes lançar neste mundo…
Como ser nómada digital: oito passos essenciais
Não existe um caminho único e detalhado que leve alguém a tornar-se nómada digital. Na verdade, costuma ser um processo, como algo que cresce na cabeça das pessoas e se vai tornando uma realidade.
Contudo, há vários passos que podes dar nesse sentido. Assim, vamos partilhar contigo algumas dessas decisões que podes seguir rumo ao sonho de ser nómada digital…
1. Reduzir as ligações a um local
Identifica o que te prende a um lugar e começa a libertar-te disso. Assim, as primeiras coisas que costumam pesar neste âmbito são uma casa e um carro. Portanto, avalia essas despesas, bem como outras e pondera como podes desfazer-te delas.
Os nómadas digitais costumam viajar com pouca bagagem. Desse modo, tens de livrar-te de toda aquela tralha que tens guardada e não te faz falta nenhuma. Ou arruma e guarda na casa da tua mãe!
2. Junta-te a uma comunidade de nómadas digitais
As comunidades de nómadas digitais são um ótimo local para encontrares dicas sobre como dar os primeiros passos neste mundo.
Estamos a falar de grupos e páginas de Facebook, mas também de plataformas de nómadas digitais como, por exemplo, o site Nomadismo ou a página do Coletivo Online de Freelancer Portugueses.
Mas também deves ter atenção a eventos como a Nómada Digital Summit, onde figuras do setor falam de alguns temas importantes da área, como, por exemplo, a flexibilidade no trabalho.
3. Identifica as tuas competências
O que é que sabes fazer? Quais são os teus talentos? A resposta a estas perguntas é essencial para saberes como podes ganhar a vida enquanto nómada digital. Repara que nem todo o tipo de atividades permitem o trabalho remoto.
Portanto, se estás num desses setores que não o permite, deves ponderar mudar de área. Mais abaixo vamos deixar-te a lista de algumas profissões que se adequam de forma perfeita ao teletrabalho.
Mas para lá de formação e competências profissionais, também é necessário ter algumas capacidades pessoais para abraçar este estilo de vida. Portanto, a organização, o improviso, a flexibilidade e a adaptação são fundamentais para se ser nómada digital.
4. Torna-te Freelancer
Depois de perceberes quais são as tuas melhores skills, ou seja, os teus principais talentos e competências, deves perceber como podes aplicá-las no mercado de trabalho. Mas repara que uma das melhores formas de trabalhar remotamente é sendo freelancer. Portanto, procura lançar-te à vida como profissional independente.
Há vários sites onde os freelancers podem anunciar o seu trabalho, bem como plataformas onde há empregadores que buscam pessoas para fazerem trabalhos pontuais e de forma remota.
Portanto, esta é uma boa forma de começares a promover-te online. Mas também deves usar as redes sociais, em particular o LinkedIn, para chegares a clientes.
5. Estudar ou trabalhar fora
Se estás algo hesitante em agarrar de frente a vida de nómada digital, podes começar por estudar ou trabalhar no estrangeiro. Assim, terás uma base fixa para preparares um futuro neste mundo novo e, portanto, para avaliares se tens o que é preciso para isso.
Neste caso, os riscos de falhar ou de que algo corra mal, são menores. Contudo, isso também atrasará o processo de te tornares nómada digital. Além disso, em alguns países, precisarás de ter um visto de trabalho ou uma autorização de residência.
Portanto, deves avaliar bem o que será melhor para ti em função de expetativas e receios.
6. Cria o teu próprio negócio
Após trabalhares como freelancer durante algum tempo, estás preparado/a para construir o teu próprio negócio.
Repara que ser freelancer pode ser o teu negócio, mas se quiseres crescer, podes expandir os teus serviços. E se estiveres a fazer um bom trabalho, é provável que a tua base de clientes aumente com novas e sucessivas recomendações.
Mas também podes pensar num negócio próprio se tiveres um talento especial ou uma boa ideia. Há pessoas que começam por trabalhar no Marketing Digital, mas que acabam a fazer bolos para vender porque sempre adoraram pastelaria! É uma boa forma de aliar dois universos bem distintos.
Contudo, fazer bolos para fora não será o negócio mais ajustável à vida de nómada digital, pois requer alguma logística, por exemplo para a entrega e o fabrico. De qualquer modo, há muitas ideias a explorar. Portanto, só precisas de encontrar a certa para ti!
7. Escolhe o teu primeiro destino
Após definidas as questões mais associadas à forma como vais trabalhar, é tempo de decidir qual vai ser o teu primeiro destino. As possibilidades são imensas e tomar a decisão certa pode ser complicado. Mas para não te perderes, deves misturar razão e coração.
Assim, por um lado, deves pensar que locais gostarias de conhecer, seguindo a emoção. Mas depois precisas de ser racional e pensar nas questões práticas. Será que vou ter Internet para fazer o meu trabalho? Terei dinheiro suficiente para me sustentar?
O custo de vida do local que pretendes visitar é um fator muito importante, sobretudo se não tiveres assim tanto dinheiro disponível. Portanto, deves avaliar como vais pagar a renda, a alimentação e as atividades de lazer que queres aproveitar.
O site NomadList é um ótimo recurso para identificar os melhores locais para se ser nómada digital. Essa plataforma oferece rankings baseados em aspetos como velocidade da Internet, diversão, segurança e custo de vida.
Mas também deves sempre ter em conta que, como nómada digital, podes sempre mudar de sítio, se por acaso não gostares muito do local onde aterrares.
8. Define como queres viver
É importante saber onde vais ficar, com quem, e como te vais alimentar. Os aspetos mais pragmáticos da estadia são importantes, pois implicam custos e condições específicas de conforto – ou da falta dele.
Assim, se fores uma pessoa muito sociável e viajares sozinho, pode ser interessante alojares-te num hostel ou numa pousada. Desse modo, poderás conhecer pessoas e, quem sabe, até criar amizades.
Contudo, também podes ser do tipo solitário ou preferir ter um espaço só para ti. Nesse caso, podes procurar na Internet, em plataformas como o Airbnb, opções de alojamento.
O CouchSurfing é outra boa opção para arrancares a tua instalação num novo país. Assim, podes ficar no sofá de algum residente no local para onde vais. Portanto, essa pessoa pode ajudar-te a encontrar as melhores zonas, bem como os melhores restaurantes e pontos de lazer.
9. Traça um plano e cumpre-o
Para que tudo resulte, tens de ter objetivos e planos definidos. Em primeiro lugar, precisas de saber com clareza o que queres fazer, onde queres ir e quanto tempo vais ficar num dado local.
Repara que esses aspetos são importantes para te organizares em termos financeiros e logísticos. A ideia da rotina e de ter tudo programado pode soar-te aborrecida, mas é essencial para concretizar planos.
Assim, é importante ter uma lista de coisas a fazer, bem como ter alternativas e backups para situações imprevistas. Precisas de uma rede de segurança para evitar estragar a viagem.
Além disso, é importante fazer uma pesquisa prévia para conheceres as leis e costumes locais, pois não queres arranjar problemas com a justiça, nem ofender ninguém. As questões de segurança e saúde também são importantes.
Portanto, quem sonha seguir esta vida, tem de planear muito bem o futuro, pois é preciso ter um bom apoio financeiro e recursos para aproveitar a viagem.
Top 10 das profissões dos nómadas digitais
Como já referimos acima, nem todas as profissões são propícias ao trabalho remoto. Portanto, esse é um aspeto fundamental a ponderar.
A área das Tecnologias de Informação (TI) é uma das que mais facilidade tem para o teletrabalho, pois pode ser feita com um computador e acesso à Internet em qualquer parte do mundo.
Aproveita e Espreita o top 10 das profissões mais procuradas em TI.
Mas também há outros setores com atividades propícias para o trabalho remoto. Algumas das que são mais frequentes em nómadas digitais são as seguintes:
- Técnico de Comunicação e Marketing
- Influencer de Apostas Desportivas
- Influenciador Digital
- Web Designer
- Especialista em SEO
- Desenvolvedores de software
- Youtuber
- Especialista em e-Commerce
- Copywriter
- Professor Online
Mas há outras opções e ideias que se podem explorar para conseguir conciliar o gosto pelas viagens e o trabalho remoto. É uma questão de encontrares a escolha certa para ti!
Há vistos especiais para nómadas digitais
Em Portugal, começou a funcionar, neste ano, na Madeira, na Ponta do Sol, a primeira Vila Nómada Digital do país.
Esse projeto é uma parceria do nómada digital Gonçalo Hall, da Startup Madeira e do Governo Regional da Madeira e oferece aos trabalhadores remotos um espaço de trabalho partilhado e o acesso à Internet.
Além disso, existem parcerias com alojamentos locais para que os nómadas digitais tenham acesso a preços mais apetecíveis nos arrendamentos.
Noutros países, como por exemplo Grécia e Croácia, existe já o chamado Visto Nómada que visa facilitar as questões burocráticas para a legalização dos trabalhadores remotos.
Mas no Canadá e na Austrália existem ainda os vistos de férias de trabalho (ou working holiday visas em Inglês) que permitem às pessoas terem uma espécie de período experimental, para ver se se adaptam a viver por lá.
Nota que a questão da renovação dos vistos é uma das grandes dificuldades dos nómadas digitais. Os vistos para turistas são, por norma, de 30 dias, mas depois disso, é preciso sair dos países e voltar a entrar para os renovar. Quem não o fizer, arriscar ficar ilegal, o que pode ser muito complicado.
Em países como a Tailândia, por exemplo, pode até acabar-se detido por 24 horas se se for apanhado a trabalhar em espaços de coworking.
Em conclusão…
Portanto, fica claro que ser nómada digital não é simplesmente um clique que dá na cabeça. Além do lado aventureiro e emocional, é todo um processo que requer planeamento e trabalho! Pois é, não podes passar o dia em banhos de mar e de natureza. Mas podes sempre trabalhar com uma vista fabulosa e inspiradora!
Estás pronto/a para a viagem? Aproveita essas dicas, pega na “mochila” de nómada digital e faz-te à estrada!