Assinala-se, neste dia 18 de setembro, o Dia Internacional da Igualdade Salarial, um marco que está ainda longe de acontecer. Mas sabes em que país há menor diferença de salários entre homens e mulheres?
O Dia Internacional da Igualdade Salarial assinala a evolução rumo ao equilíbrio nos salários de homens e mulheres. Já muito se fez nesse sentido, mas ainda há um longo caminho a percorrer para a paridade plena.
O rendimento bruto das mulheres era, em média, “12,7% inferior ao dos homens” na União Europeia (UE)”, segundo dados de 2022 do Eurostat, o gabinete de estatísticas da UE.
Luxemburgo é o país da UE onde há maior igualdade salarial
A Estónia é o país que regista a maior diferença entre os salários de homens e mulheres, com uma disparidade de 21.3%. Áustria apresenta uma disparidade salarial de 18,4% e a Chéquia de 17,9%.
Já o Luxemburgo apresentava a menor diferença, com apenas 0.7%, sendo, assim, o país onde há maior igualdade salarial entre homens e mulheres na UE.
Itália (4,3%) e Roménia (4,5%) fecham o pódio dos países com maior equilíbrio nos ordenados de trabalhadores e trabalhadoras.
Portugal surge no 15º lugar com uma diferença de 12,5% entre os salários de homens e mulheres. A Croácia tem a mesma percentagem e a Lituânia é 13ª com 12%.
Desigualdade salarial entre homens e mulheres em Portugal
O fosso salarial entre homens e mulheres tem diminuído em Portugal, nos últimos anos, conforme mostram dados relativos ao período entre 2010 e 2022.
Se em 2010, a disparidade era da ordem de quase 18 por cento, em 2015 caiu para 17%, e em 2021, situou-se nos 13%, conforme dados do site Statista que se dedica a estatísticas mundiais.
Em 2022, o salário médio das mulheres voltou a cair face ao dos homens, ficando 13,1% abaixo dos destes, ainda de acordo com o Statista.
E como está a igualdade salarial a nível mundial?
O Statista avaliou também o fosso salarial entre homens e mulheres a nível global no período entre 2015 e 2023, concluindo que a diferença “diminuiu ligeiramente nos últimos anos”.
Considerando mulheres e homens com o mesmo emprego e qualificações, em 2023, elas ganhavam 0,9 dólares por cada dólar ganho por eles.
Mas se tivermos em conta as chamadas “disparidades salariais não controladas”, ou seja, independentemente dos setores e da formação, as mulheres ganhavam, em 2023, 0,83 dólares por cada dólar ganho pelos homens.
Avaliando também outros fatores para além do salário, serão necessários “131 anos” para alcançar a plena igualdade entre géneros, salienta o “Global Gender Gap Index 2023“, relatório do Fórum Económico Mundial (WEF na sigla original em Inglês) que comparou as diferenças entre homens e mulheres em 146 países.
Atualmente, na Europa, a taxa de igualdade situa-se nos 76,3%, acima da América do Norte (75%), ainda segundo o WEF. A igualdade plena será possível no continente europeu “daqui a 67 anos”, prevê o mesmo relatório.
Nesta altura, nenhum país do mundo tem paridade total. Mas a Islândia é o país que está mais perto disso, uma vez que eliminou 91,2% das disparidades entre homens e mulheres, segundo o WEF.
A Noruega e a Finlândia também se destacam com 87,9% e 86,3% das desigualdades resolvidas, seguindo-se a Nova Zelândia (85,6%).
Mas porque é que as mulheres ganham menos?
As disparidades salariais entre homens e mulheres não refletem apenas uma discriminação no ordenado. São, antes, resultado das dificuldades que as mulheres ainda enfrentam no acesso ao mercado de trabalho, na progressão na carreira e no reconhecimento pelo trabalho realizado.
“Cerca de 24% das disparidades salariais entre homens e mulheres estão relacionadas com a sobre representação” feminina em “setores com remunerações relativamente baixas, como os cuidados, a saúde e a educação”, explica a Comissão Europeia (CE).
Os empregos que ainda são vistos como “trabalhos de mulheres” continuam a ser “sistematicamente subvalorizados”, sublinha ainda a CE.
Além disso, há uma “percentagem desigual de trabalho remunerado e não remunerado”, acrescenta a CE, referindo-se às tarefas domésticas e aos filhos que continuam a ser responsabilidade da mulher em várias famílias.
Assim, “as mulheres têm mais horas de trabalho por semana do que os homens, mas dedicam mais horas ao trabalho não remunerado”, algo que também pode “afetar as suas escolhas profissionais”, evidencia a CE, apontando a importância da “partilha equitativa das licenças parentais”.
A profissão onde há menos igualdade salarial
Outro dado que pode contribuir para as disparidades salariais entre homens e mulheres é o facto de “menos de um em cada dez CEO das principais empresas” serem do sexo feminino, segundo dados da CE.
“A profissão com maiores diferenças nos rendimentos horários na UE eram os gestores: rendimentos 23% mais baixos para as mulheres do que para os homens”, evidencia também a Comissão.
O princípio da igualdade salarial entre mulheres e homens em funções equivalentes está consagrado nos Tratados Europeus desde 1957. A Constituição Portuguesa e o Código do Trabalho também consagram o direito à igualdade e à não discriminação.
Estão previstas multas elevadas para as empresas que não cumprirem a lei.
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