Com a entrada na vida universitária muitas dúvidas se levantam em torno das praxes académicas. Ir ou não? Vale a pena? Se não for à praxe vou ser excluído? Não posso usar o traje académico ou festejar a Queima das Fitas? Estas são apenas algumas das questões que os estudantes recém-ingressados na faculdade deveriam procurar responder com cautela, uma vez que muitas delas são respondidas (respostas essas replicadas) de forma automática e errada. Mitos e verdades sobre praxes académicas são proliferados à porta das universidades, mas cabe aos alunos informarem-se dos mesmos.
7 mitos e verdades em torno das praxes académicas
Muitas das “verdades” que ouvimos com certeza não passam de mitos relacionados à praxe académica. Para decidires acertadamente, deixamos-te aqui os principais mitos e verdades relacionados a esta prática académica.
1 – A praxe académica foi criada para integrar os novos alunos da universidade. Verdade
A praxe foi criada na universidade de Coimbra com o intuito de integrar os novos alunos na vida académica. Uma verdade que, muitas vezes, pode chegar aos alunos veladamente, uma vez que dá a entender que só indo à praxe se consegue fazer uma boa integração.
Antes de qualquer outra coisa, deves zelar pela tua integridade física e moral, não colocando esta em risco em momento algum. Se a praxe, ou algumas atividades da mesma, te humilham ou ferem, então não é nada que tenha intuito de integrar-te.
Lembra-te que ser caloiro não significa que tenhas de deixar de lado os teus direitos fundamentais.
2 – Quem não vai à praxe é discriminado. Verdade e Mito
Existem faculdades e cursos em que a participação na praxe é quase “obrigatória”, sendo que os alunos que não participam são postos de lado pelos restantes. No entanto, estas não são as orientações dadas pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC), o qual envia constantemente as “Recomendações sobre praxes académicas” em que consta a seguinte frase: “Nenhum estudante pode ser discriminado por decidir não participar em atividades realizadas no âmbito da praxe”.
3 – A praxe é de participação livre e voluntária. Verdade
Participar da praxe académica é uma decisão tomada pelo aluno de forma livre e voluntária, muito embora exista pressão por parte dos alunos mais velhos para os caloiros ingressarem nas atividades praxistas.
Portanto, mesmo que te digam que ir à praxe é obrigatório, só vais se quiseres ir. Tu tens a liberdade para decidir se queres, ou não, participar das atividades. Além disso, podes desistir a qualquer momento. Ingressar nas atividades da praxe não te obriga a permanecer nelas até ao fim.
4 – A praxe faz parte da tradição académica. Mito
A praxe existe há um século, mas as atividades que se realizam, assim como todos os códigos praxísticos, são constantemente alterados. A verdade é que a tradição integra muito mais inovação do que conservação. O que se diz ser tradicional é mais inventado do que mantido.
Como se não bastasse tudo o que dissemos, a universidade é um lugar onde se instiga o questionamento constante, o pensamento crítico e a autonomia. Assim, faz todo o sentido questionares a razão pela qual participas da praxe. Sabe, desde já, que muitos dos alunos que se declaram antipraxe porque consideram esta atividade antidemocrática, a qual está “montada” em cima de uma estrutura fortemente hierarquizada, sem espaço para crítica.
5 – Quem não faz a praxe não pode trajar. Mito
Este é um dos grandes mitos em torno da praxe académica que faz com que muitos estudantes participem, sem que fosse necessário. O traje é académico, não praxista. Assim, qualquer estudante que entre no ensino superior pode usar o traje, inclusive alunos do 1.º ano.
6 – Quem não participa da praxe académica não pode participar de jantares, festas e Queima das Fitas. Mito
Mais um dos grandes mitos em torno das praxes académicas. Os eventos académicos são de participação livre e não estão dependentes da participação, ou não, nas praxes académicas.
Por muito que te digam o contrário (e isso pode acontecer), tu podes (e deves) participar de todos os eventos universitários, sem restrições. O cortejo da Queima das Fitas é um exemplo claro de como a não participação nas praxes académicas pode colocar os alunos de parte (algumas faculdades separam mesmo os alunos que não pertencem ao grupo da praxe com um cordão humano dos ditos “doutores”). No entanto, tu tens direito a ir ao cortejo, passar na tribuna e fazer a festa como qualquer outro estudante.
7 – A praxe académica prestigia o curso e a instituição de ensino. Mito
Mau seria se um curso, ou instituição de ensino superior, dependesse da prestação dos alunos na praxe académica para ser reconhecido. Existe, sim, a tentativa, por parte dos alunos, de se fazerem superiores nas atividades praxistas, com palavras ofensivas e entoação alta (como se isso fosse colocar um curso em posição de prestígio).
A participação na praxe académica é livre e voluntária e só o deves fazer se realmente quiseres e te sentires bem. A não aceitação de atos humilhantes e que colocam a tua integridade física em causa é motivo de orgulho, não de vergonha. Então, não faças nada só porque os outros te dizem que tens de fazer. Tu és o teu melhor amigo (ou assim deveria ser). És tu que tens de zelar por ti e defender aquilo em que acreditas. Agora que conheces os maiores mitos e verdades sobre praxes académicas, toma a tua decisão fundamentada.