A Brave Generation Academy (BGA) é um projeto de ensino alternativo que já conta com 40 escolas em Portugal, funcionando sem horários fixos, sem aulas e até sem professores nas salas.
A ideia arrancou em 2019, quando o empresário sul-africano Tim Vieira que se tornou conhecido no programa “Shark Thank” resolveu desenvolver um novo sistema de ensino, mais adaptado aos novos tempos, para que os estudantes sejam mais felizes a aprenderem.
As academias da marca já têm 53 escolas em vários países – e 40 delas são em Portugal, o que é revelador do sucesso que a BGA está a ter no nosso país. Até porque as academias vão abrindo à medida da procura, pois cada escola tem apenas 30 alunos.
Atualmente, a BGA conta com 700 estudantes e 120 colaboradores em Portugal, de acordo com dados do Dinheiro Vivo.
As escolas da marca que são conhecidas por “hubs” existem nas seguintes localidades portuguesas:
- Aljezur (Algarve)
- Lagoa (Algarve)
- Lagos 01 (Algarve)
- Lagos 02 (Algarve)
- Loulé (Algarve)
- Tavira (Algarve)
- Aveiro
- Braga
- Caldas da Rainha
- Parede (Cascais)
- Cascais Baía (duas escolas)
- Cascais Centro (duas escolas)
- Cascais Guincho
- Cascais Quinta da Marinha
- Espinhal (Coimbra)
- Ericeira 01
- Ericeira 02
- Ofir (Esposende)
- Fundão
- Leiria
- Campolide (Lisboa)
- CCB (Lisboa)
- Expo (Lisboa)
- Lumiar (Lisboa)
- Restelo (Lisboa)
- SONAE Campus Maia
- Óbidos
- Anje (Porto)
- Foco (Porto)
- Lionesa – Leça do Balio (Porto)
- Santarém
- Setúbal
- Linhó (Sintra).
Mas o investimento e a abertura de novos espaços continuam, e os planos de Tim Vieira passam também por investir no interior do país, abrindo o leque de oportunidades a regiões menos favorecidas em termos de ofertas de ensino.
Mas como funciona esta escola inovadora?
As academias Brave Generation são escolas certificadas pela Cambridge School e ainda não integram o sistema educativo português. Assim, não dão acesso às Universidades portuguesas, mas permitem continuar os estudos superiores noutros países.
Até setembro deste ano, Tim Vieira espera que haja desenvolvimentos para que a BGA seja integrada no sistema educativo português, como diz ao Dinheiro Vivo.
Portanto, estamos perante um percurso de ensino alternativo para jovens entre os 12 e os 18 anos. Está dividido em três níveis de ensino organizados segundo o currículo britânico: Lower Secondary, IGCSE e A-Levels. Cada nível tem uma duração de dois anos cada.
Os alunos usam uma plataforma digital que está sempre acessível e cada um pode aprender ao seu ritmo, sem horários fixos, nem aulas. E nem existem sequer professores no sentido em que conhecemos a profissão habitualmente.
As academias têm os chamados “course managers” que organizam os conteúdos e elaboram os exames. Mas há ainda os “learning coaches” que são profissionais de coaching que orientam os alunos à medida das suas aprendizagens e ritmos.
Que matérias se estudam?
Os “hubs” da BGA incluem disciplinas que existem em todas as outras escolas, tais como aqueles conteúdos fundamentais, por exemplo, Português e Matemática.
Mas também aposta no desenvolvimento das chamadas “digital skills“, ou seja, nas competências digitais, para preparar os jovens alunos para o atual mercado de trabalho.
Além disso, a escola foca-se em ajudar a descobrir a vocação de cada estudante.
E quanto se paga?
Os valores da mensalidade podem não ser acessíveis a todas as pessoas, rondando os 485 euros. Contudo, “o preço nunca será um impedimento”, assegura Tim Vieira ao Dinheiro Vivo.
“Não sabemos quem poderá vir a ser o próximo Einstein ou Elon Musk, por isso, é nossa responsabilidade nunca dizer não a uma criança”, destaca o fundador da BGA.
Assim, a academia disponibiliza bolsas de estudo. Cerca de 30% das vagas das escolas são para crianças que recebem bolsas financiadas pela própria BGA ou por parceiros como a Sonae e a Fundação José Neves, repara ainda Tim Vieira.
“O estudante escreve-nos uma carta, que vem ter às minhas mãos, e em 48 horas a bolsa é atribuída. Se isso é bom para nós enquanto empresa? Não, estamos a perder. Mas estamos a ganhar muito em impacto”, nota o empresário, considerando que o fundamental é “o brilho nos olhos dos pais e das crianças”.
Em breve, Tim Vieira vai também abrir a BGA Adults School para promover o desenvolvimento profissional de adultos, a partir dos 18 anos, em regime pós laboral.
2 comentários em “Sem aulas e sem horários. Projecto de ensino alternativo já tem 40 escolas em Portugal”
Não acho que seja uma ideia revolucionária, está a usar as novas tendências comerciais para cobrar dinheiro pelo trabalho de ninguém.
Se tu não tens regras a seguir ou um professor para te ensinar então porquê pagar por uma escola vazia ?
Podemos fazer cursos online, hoje em dia é normal mas se não dão acesso á universidade então é como fazer cursos profissionais sobre uma determinada profissão.
Temos muitos em Portugal, está ideia trás desemprego para professores, ou seja toda as pessoas do mundo vão viver e trabalhar apenas e só em casa ?
O mundo está-se a agarrar demasiado ao digital e isso pode vir a criar problemas.
Eu pessoalmente prefiro ir á escola fisicamente com horários e conhecer os professores e aprender com eles.
A digitalização de demasiadas tarefas e profissões vai trazer a próxima epidemia – preguicite mundial.
Um pai ou uma mãe não precisam de dar amor, atenção e educação aos filhos pois eles estão ocupados a aprender e a fazer um curso nos seus tablets de IA.
Vamos ver…
Um grande bem haja a este projecto!
Sou da opinião que o ensino é fundamental para o desenvolvimento humano. Mas não o é quando aquilo que vimos hoje nas escolas, desde o próprio edifício, ao educador, o professor e os agora chamados não docentes e por fim os pais( criadores)não conseguem salvo raros casos, enxergar a função e obrigação fulcral no processo de desenvolvimento de qualquer nação.Ainda bem que há pessoas com coragem para enfrentar e inovar. Sim,para ter retorno financeiro, era o que faltava mas, para que mesmo quem não tenha dinheiro consiga fazer o caminho de aprender. Curioso é o facto que noutros países, em universidades com a mais alta reputação,reconhecem este modelo porque percebem o problema. Até na educação somos pouco democráticos.
Acredito que no modelo actual, excepção nas escolas onde estudam as elites,grande parte sai no final do curso com menos sabedoria do que quando entrou. Trazendo conhecimentos que não questionam e não entendem! Muitos tiram cursos em áreas que não são a primeira escolha pois o mais importante é entrar depois logo se vê!! Aceitam porque é melhor ser estudante e até porque o título dá-lhe estatuto de licenciado. Cá fora são poucos os que se destacam. Os outros não aceitam que embora concluindo o curso de facto não se formaram.
Há uns 25 anos atrás numa sala de aula o professor disse:
Dos 40 finalistas do curso de Engenharia Mecânica, 3..talvez 4 vão ser engenheiros, os restantes com o curso de engenharia
!